quarta-feira, 12 de novembro de 2008

"Analfabetismo vai à escola"


Discordo da opinião de Azuete Fogaça que afirma em seu artigo "Analfabetismo vai à escola" (Jornal "O Globo" - 28/09/2008) que um dos grandes grandes culpados pelos alunos não aprenderem nas Escolas Públicas são os trabalhos deficientes dos docentes e que estes acham normal os alunos passarem pela a escola sem aprender. Ela ainda afirma que o desinteresse da família não é primordial no fracasso escolar. Mas concordo com Azuete quando ela diz que o sistema escolar contribui para o fracasso dos alunos.

Como educadora tenho visto os esforços e preocupações de muitos colegas meus (professores, orientadores pedagógicos e gestores), ou seja, um esforço em conjunto, para que nosso alunos aprendam. O grande culpado é a escassez de recursos materiais? Não. A maioria das escolas públicas do Rio de Janeiro possuem sala de vídeo, sala de informática, sala de leitura, sala de artes, biblioteca com excelentes exemplares; oferta alimentação e uniforme e ainda muitas vezes, para os alunos carentes, doa lápis, borracha, caneta e borracha; o Governo Federal doa os livros.

Então, os professores não sabem ensinar? Claro que sabem, aprensentamos os mesmos conteúdos várias vezes e de diferentes maneiras..., estamos sempre nos aperfeiçoando através palestras, cursos , oficinas e de leitura de livros..

Por que então meu aluno passa pele ensino fundamental e sai de lá analfabeto ou semi-analfabeto? Tive um aluno que na sexta série (atual sétimo ano) que não sabia assinar corretamente o próprio nome e um outro na quinta série (atual sexto ano) que só sabia copiar sem saber ler e outro que não entendia o que lia (um analfabeto fuincional) e podemos ver centenas ou milhares de casos assim...

Como um aluno assim foi promovido, chegando ao segundo segmento do ensino fundamental? Reprovação automática, pode-se apenas reprovar uma pequena porcentagem da turma. O sistema de ciclos não vem dado certo no Brasil, pois não foi colcocado em prática e nem compreendido do modo que deveria ser. Vai-se empurrando, empurrando, e o aluno conclui o Ensino Fundamental analfabeto.

A culpa então é da família, que não acompanha seu filho na escola e também tem pouco estudo? Não descarto a culpa da família. Ser pobre condiciona o aluno a não aprender? Claro que não. Conheço excelentes professores que são filhos de analfabetos. Mas eu sempre me pergunto o seguinte: Como uma criança ou adolescente vai aprender, se as famílias acham que para se aprender é necessário a crianças apenas estar de corpo presente na escola? Muitas vezes digo aos meus alunos que eles estão na escola para terem uma profissão, serem alguém na vida, para resolverem as pequenas coisas do cotidiano, que através da leitura conhecemos o mundo... Mas eles não vêem significado nisso. Ser alguém na vida? Ser quem? Às vezes não tem ninguém para se espelhar.. Eles passam quatro horas por dia na escola e as outras vinte fora dela. Fora da escola não eles têm acesso a nenhum tipo de texto... Chegam à escola sem valores nenhum.. Não sabem se dirigir e nem respeitar o próximo. Acho q na cabeça dos pais é obrigaçaõ da escola ensinar boas maneiras . Não possuem conhecimento de mundo. Para se compreener um texto é necessário conhecimento de mundo. Não têm interesse na escola. Muitas vezes vejo professores inovando as aulas para tentar despertar o interesse dos alunos, mas é em vão.... Parece que os alunos não se interessam... A escola é um estrageiro para eles.... Eles não sentem nenhum prazer em ir à escola... Como ensinar quem não quer aprender?

O sistema de ensino então é o grande vilão? Eu acredito que ele possui uma grande parcela de culpa, pois ele pensa em apenas melhorar as estatísticas, diminuir o número de repetentes, não quer reter os alunos na mesma série. Preocupa-se apenas com o números, não tendo nenhum compromisso com a qualidade. Porém não posso descartar o esforço do Governo em proporciar materiais didáticos aos alunos, recursos didáticos para os professores poderem ensinar, cursos para o aperfeiçoamento dos docentes, até mesmo oficinas e projetos nas escolas que englobam também a comunidade em que a escola está localizada...

Acredito que a Educação no Brasil só pode mudar quando a mentalidade da sociedade mudar e quando esta souber o quer para poder exigir... E o mais importante é que haja diálogo entre a escola, a família do aluno e o sistema escolar... E você? Qual é a sua opinião?


Leia o artigo de Azuete Fogaça:


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